O café é que deve ser quente, fumegante, sair lentamente da xícara e ir temperando as palavras. Esperar assar o pão de queijo, sentir seu cheiro vir lá da cozinha. Enquanto isso sai da boca do forno a boa prosa, o ouro puro do milho, inesgotável. Aí pode surgir um caso, um conto, uma fatia de história ou um fio da memória puxado. Coisas que o mineiro gosta de guardar e dá de graça...
Para adoçar o encontro, consigo, com a infância ou com os avós, é bom mergulhar na Ambrosia (alimento dos deuses). Dizem que ela é capaz de resgatar qualquer alma do limbo e devolvê-la sem pecado original. E doce de abóbora, geléias, biscoitinhos, travessuras para os olhos e o paladar, tantas cores formas e sabores.
Ao afrouxar assim o tempo, podemos nos tornar seus donos, em vez de seus servos. Numa mesa de café, em minas gerais, gastamos sem medo uma coisa que ainda temos: outro tempo, Trem dificil de achar por ai pra comprar.
Texto e aquarela de Maria José Boaventura
(os momentos mais serenos e tranquilos passamos em Tiradentes - MG e não podemos deixar de mencionar a Casa de chás e cafés Maria Luiza e sua Ambrosia sine qua non)
Um comentário:
o ATO DO CAFÉ é maravilhoso..
ambrosia é um dos meus doces preferidos..
Li esta semana um poema sobre ambrosia....
vou procurar.
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