Desde que deixei meu Rio de Janeiro a minha vida tem sido uma constante despedida daqueles que deixo quando volto pra minha nova morada. Conhecer novas pessoas e não me apegar a elas também tem sido um hábito novo que eu nunca cultivei, mas agora é uma questão de sobrevivência. É preciso reaprender a se relacionar para fazer novas amizades pra vida inteira, uma coisa é ser vizinha da menina que estudou no mesmo colégio que você e que você viu grávida, e que o seu marido estudou com o marido dela no curso de inglês, outra é chegar numa cidade diferente e ter de descobrir quem serão seus novos amigos para sempre...um exercício e tanto, mas nessa brincadeira a ausência se refez e Drummond a descreveu perfeitamente:
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond
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